sábado, 22 de setembro de 2007

Chegaram cedo, hein!!

Meus amigos, essa aconteceu na noite deste sábado no Armazém Digital, no Leblon, cinema que tem as melhores cadeiras do Rio de Janeiro. Pois lá estava eu no assento H3, esperando o início do ótimo "Maria Bethânia - Pedrinha da Aruanda", quando duas senhoras chegaram. Olharam os dois assentos ao meu lado, já ocupado por outras duas senhoras, e disseram: "Também compramos H1 e H2". As duas sentadas se entreolharam, assustadas, já se sentindo no MST, quando uma das recém-chegadas pegou os dois ingressos da mão da amiga e voltou à bilheteria para se informar sobre o engano.
Alguns minutos de constrangimento, as duas sentadas conversando baixinho e olhando para a outra que tinha ficado em pé esperando a amiga voltar...Coisa chata. Mas a amiga voltou rápido, com um sorriso amarelo-ouro, quase mostarda, fulminou a amiga que esperara em pé aquele tempo todo (bem feito).
- Fulana, você comprou ingresso para amanhã - disse amiga, com rancor controlado.
Resumo da ópera: o documentário sobre Maria Bethânia ficou com um gostinho de "De volta para o futuro".

Nada como um dia após o outro.

Bienal do Livro: as figuras exóticas

Elas estavam lá. Todas. De dois em dois anos eu as encontro (que saudade....). As figuras exóticas da Bienal do Livro. Sem elas, Bienal não é Bienal.

1) Professoras-histéricas-guias-de-alunos-com-o-diabo-no-corpo: Pedro Almodóvar esteve na Bienal antes de fazer "Mulheres à beira de um ataque de nervos". E se inspirou nas professoras, santas que levam seus alunos em busca do saber. Algumas são figuras bíblicas. Ontem, vi uma que parecia Moisés levando seu povo para atravessar o Mar Vermelho. O mar se abriu e foi criança para tudo quanto é lado. Vermelho mesmo estava o rosto dela, perto de fazer uma loucura. Calma, Tia!

2) As normalistas da Terceira Idade: são figuras rodrigueanas. Acho o maior barato que as pessoas busquem seus sonhos independentemente da idade, mas não deixa de ser exótico ver uma mulher de quase quarenta anos de uniforme com meia branca até o joelho. Mas, no fundo, é bonito. É um traço de pureza. É um desafio ao tempo. Fiquei com saudade da minha bota ortopédica, que usei até 8 anos para curar o meu pé chato (não curou e a chatice subiu, tomando conta do resto do corpo).

3) O vendedor-que-não-sabe-nada: ele geralmente disfarça e devolve com uma pergunta difícil. Mas alguns são desatentos (estou sendo elegante). "Senhor, quem é o autor?" é a pergunta que a gente mais ouve depois de dizer o nome do livro e O NOME DO AUTOR!.

4) Crianças: o verdadeiro ser humano puro. O futuro do Brasil. Um sopro de vida em nossos corações. Mas precisa correr e fazer pique-esconde na Bienal, porra?!?!?!!?

5) O rapaz-ou-moça-do-caixa-e-a-pergunta-cretina: o sujeito compra quatro livros. E recebe a pergunta: "O senhor quer bolsa?". Não, amigo, precisa, não...Ele é equilibrista, vai levar na cabeça.


Bienal do Livro: uma constatação


É impressionante como ainda se lê "O Pequeno Príncipe".
Ontem, na Bienal, duas meninas do Colégio Militar estavam atrás de mim na fila, cada uma com um "Príncipe" na mão.
E no estande da Companhia das Letras vi uma menina de sorriso metálico (usava aparelho) lamentar, ao celular: "Mãe, só consegui comprar o Pequeno Príncipe".
Como "só", menina? Você acha pouca coisa????
Em tempo: não li "O Pequeno Príncipe".
Peço desculpas a todos.

Bienal do Livro: uma feira mística

Eu desisti definitivamente de ser místico em 1981, quando Everton marcou o terceiro gol do São Paulo e eliminou o Fogão na semifinal do Campeonato Brasileiro. Ali eu percebi que o mundo tinha um caráter duvidoso e decidi caminhar pelas próprias pernas . Mas ontem, na Bienal do Livro, percebi que as pessoas estão cada vez mais místicas.
É impressionante a quantidade de estandes de editoras de livros religiosos, místicos, misteriosos, de auto-ajuda. E como eles vendem!! Vi uma senhora sair com uma bolsa que tinha pelo menos seis ou sete livros e todas as respostas para os enigmas do mundo e da alma. Impressionante como as mulheres estão místicas (pensando bem, acho que eu tenho que me tornar místico...).
Muita gente está atrás das respostas, mesmo sem saber as perguntas. Ontem na Bienal tive a certeza disso. Aliás, estou sendo injusto. Os místicos também sabem quais são as perguntas. Ontem as principais eram: "tem desconto?" e "dá para parcelar no cartão?".
Afinal de contas, há de se praticar a auto-ajuda.

Bienal do Livro: o amor é lindo

Andava eu pelos corredores cheios da Bienal, quando esbarrei nele...o amor.
Um adolescente puxa o que eu imagino que seja a sua namorada, também novinha, pura, para um corredor menos transitado e sapeca um daqueles beijos que puxam ar dos alvéolos. Aqueles que misturam o sangue arterial com o venoso.
Ao lado deles, o estande da Casa da Palavra.
Em alguns momentos, as palavras são desnecessárias.

Bienal do Livro: uma tarde com Tio Sukita

Estive ontem na Bienal do Livro, programa que, por razões óbvias, só faço de dois em dois anos. E na (enorme) fila da Ediouro presenciei um diálogo inusitado.
Atrás de mim duas meninas do Colégio Militar, devidamente uniformizadas, prontas para a guerra. E um senhor se dirigiu a elas. Estava confuso, não sabia se havia sido indelicado ao passar na frente na fila. E fez a pergunta.
- Queridas, estou atrás ou na frente de vocês?
Uma delas, mascando chiclete, nem aí para o mundo, disparou.
- Tanto faz, tio.
Tio, isso sim é um golpe militar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Três pérolas em "Samba Meu"

Maria Rita acaba de lançar um disco de sambas, ""Samba Meu". O resultado é bom, simpático. E tem três músicas que valem o investimento. Uma delas já citei no post imediatamente anterior a esse, "Maltratar não é direito", de Arlindo Cruz e Franco.
As outras duas são de Edu Krieger. Uma delas é obra-prima: a antológica "Novo amor" (que também foi gravada por Roberta Sá). Choro com cara de choro antigo e que dá vontade de chorar, tal o lirismo da melodia e da letra. E a descontraída "Maria do Socorro", que na letra "é a fim do zé galinha, mas namora o zé cachorro".
Vale a pena conferir.

O verso

"Um amor só é bom quando é pra dois
Eterno é antes e depois"

(do samba "Maltratar não é direito", de Arlindo Cruz e Franco, do recém-lançado "Samba Meu", de Maria Rita).

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O país de Renan e Obina

É a vitória da impunidade!!
No país do Renan, o Obina foi condenado...
Será que não dá para transferir o julgamento do senador para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva?
O Obina deu uma cotovelada (que não se justifica) e levou 120 dias. Com o mesmo critério, o Renan estaria fora do Brasileirão e só voltaria na Copa do Brasil de 2011!!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Mara Maravilha na Veja

Mara Maravilha (lembra dela?) deu curta e sensacional entrevista à Veja. E na primeira resposta, fez história:

"Quando uma mulher aparece nua numa revista, ela faz aflorar os desejos de um homem. Depois, não vai conseguir supri-los. Isso é pecado".

Maravilha, Mara.
Só não ficou claro o seguinte: pecado é tirar a roupa ou pecado é tirar e não suprir?
Se suprir, tá beleza?????

O meu despertador

Depois de três viagens seguidas, dormindo em hotéis com medo de perder a hora e chegar atrasado aos compromissos profissionais, chegou a hora de fazer uma homenagem a ele. Ele é o meu despertador. Comprei em Valença (RJ), recentemente. Veio do interior, mas de pacato não tem nada.
Meus amigos, o meu despertador não desperta. Ele anuncia o fim do mundo. Ele não toca, ele faz escândalo. Já acordei com taquicardia por causa dele.
Aí você me pergunta: como é o som? É uma sirene. É um alarme contra incêndio, sem o incêndio. É a versão moderna das trombetas de Gideão. Ele tinha que ter bula informando os efeitos colaterais.
O meu medo hoje não é mais deixar de acordar. É dormir para sempre depois de ouvir mais um chamado dele.
Aí você me pergunta novamente: por que você continua usando essa arma letal? Porque não há hipótese de você não acordar. Você se assusta, mas acorda. Você vai tomar banho com palpitação, mas não chega atrasado.
Por isso, rendo a ele a minha homenagem. Obrigado por tudo, amigo.

Minha musa nas alturas

Ontem voltei de Manaus pela TAM ("Tamos Atrasados Mesmo"). Já acomodado na poltrona, cinto afivelado, lia a minha revista enquanto o comissário fazia aquela coreografia ridícula para mostrar os procedimentos de segurança. Eis que surge ela.
Eu já vi muita aeromoça bonita, mas o que eu vi ontem foi inacreditável.
Pele clara, um metro e oitenta, mais ou menos. Cabelo preto. Olhos castanhos, levemente lacrimejados, o que me agrada muito. O sorriso não era escancarado, banal, mas fazia aparecer uma covinha em cada canto do rosto. Narizinho arrebitado. Artesanato de Deus.

Prometi a mim mesmo: se essa coisa começar a balançar e o fim dos tempo (para os presentes) se anunciar como inevitável, peço ela em casamento (ela não tinha aliança) e o comandante celebrará a nossa união depois de ouvir o controlador aéreo dizer "FUDEU".
Num determinado momento, começou a balançar. Pensei, é agora. Mas ela estava colocando aquele avental azul para começar o serviço de bordo e imediatamente fechei os olhos. Noivo não pode olhar o vestido da noiva antes da cerimônia.
Ela não me serviu, pois desfilava no lado oposto do avião. Se ela me perguntasse "bebida, senhor?" eu juro que ia responder: "Champagne, para nós dois".
Mas ela continuou lá, eu aqui do outro lado, ao lado de um rapaz que não parava de balançar a perna (tinha turbulência própria) e não nos encontramos. Talvez tenha sido melhor assim. A turbulência parou (a do avião, pois a do rapaz ao meu lado continuou...), o avião pousou, o comandante disse "portas em manual", saí apressado para pegar a conexão em Guarulhos.

Em resumo, não casei com ela.
E tudo voltou ao normal. Eu, aqui na terra, levando a vida. E o avião, lá em cima, com duas covinhas.