terça-feira, 18 de setembro de 2007

Minha musa nas alturas

Ontem voltei de Manaus pela TAM ("Tamos Atrasados Mesmo"). Já acomodado na poltrona, cinto afivelado, lia a minha revista enquanto o comissário fazia aquela coreografia ridícula para mostrar os procedimentos de segurança. Eis que surge ela.
Eu já vi muita aeromoça bonita, mas o que eu vi ontem foi inacreditável.
Pele clara, um metro e oitenta, mais ou menos. Cabelo preto. Olhos castanhos, levemente lacrimejados, o que me agrada muito. O sorriso não era escancarado, banal, mas fazia aparecer uma covinha em cada canto do rosto. Narizinho arrebitado. Artesanato de Deus.

Prometi a mim mesmo: se essa coisa começar a balançar e o fim dos tempo (para os presentes) se anunciar como inevitável, peço ela em casamento (ela não tinha aliança) e o comandante celebrará a nossa união depois de ouvir o controlador aéreo dizer "FUDEU".
Num determinado momento, começou a balançar. Pensei, é agora. Mas ela estava colocando aquele avental azul para começar o serviço de bordo e imediatamente fechei os olhos. Noivo não pode olhar o vestido da noiva antes da cerimônia.
Ela não me serviu, pois desfilava no lado oposto do avião. Se ela me perguntasse "bebida, senhor?" eu juro que ia responder: "Champagne, para nós dois".
Mas ela continuou lá, eu aqui do outro lado, ao lado de um rapaz que não parava de balançar a perna (tinha turbulência própria) e não nos encontramos. Talvez tenha sido melhor assim. A turbulência parou (a do avião, pois a do rapaz ao meu lado continuou...), o avião pousou, o comandante disse "portas em manual", saí apressado para pegar a conexão em Guarulhos.

Em resumo, não casei com ela.
E tudo voltou ao normal. Eu, aqui na terra, levando a vida. E o avião, lá em cima, com duas covinhas.

Um comentário:

Marcelo Pizzi disse...

Fala, Rodrigão!

Muito engraçado!

Um abração,

Pizzi