quarta-feira, 28 de maio de 2008

Intolerância (1)

Por que o Fluminense não pode eliminar o Boca Juniors?
É proibido?
Detalhe: eu não torço para o Fluminense. Nem tenho parente tricolor.
Por que o Fluminense não pode ser campeão da Libertadores?
Por que não tem "tradição em competições internacionais"?
Onde se compra isso?
Ou é impossível comprar e só está ao alcance dos "eleitos"?
O possante Once Caldas tinha tradição quando derrotou o Boca e foi campeão?

Qual foi o time que se sagrou campeão da Libertadores já com "tradição em competições internacionais"?
Quem formulou esse argumento é o mesmo cara que pede dois anos de experiência para estagiários?


Rivalidade é uma coisa gostosa quando fica na gozação, quando gera uma gargalhada, quando anima um ambiente, quando descontrai e aproxima as pessoas. Vale secar o adversário? Claro que vale, faz parte.
Mas sem mostrar os dentes.
Quando isso começa a virar uma sensação de angústia diante da iminente vitória do outro (contra outro time!!!), quando as pessoas se dizem sinceramente apavoradas porque "eles vão ganhar, não tem jeito", vira doença. Raiva. Intolerância.
Quando sai do plano normal, é coisa de gente que compensa frustração pessoal com futebol. Futebol é fonte de prazer, não de realização. A minha felicidade nos pés do Diguinho!?!?! Eu, hein!!! Deus me livre!!! Mas para perceber isso há de se ter um pouquinho de talento para viver. E ter esse talento, eu garanto, é um pouquinho mais difícil do que ter "tradição em competições internacionais".


Eu cresci vendo o meu time tomar pancada. Mas nem por isso deixei de gostar de futebol, muito pelo contrário.
Talvez isso tenha me tornado mais ecumênico? Mais babaca, talvez? Cresci admirando os outros e isso me deixou meio "bundão"? O espírito de derrotado amolece a alma, torna alguém mais compreensivo? As derrotas do meu time me tornaram um cara mais tolerante? (que argumento inteligente, não?).
É bem possível que isso tudo seja verdade.
Graças a Deus.

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