domingo, 21 de dezembro de 2008

A letra: Minha Filosofia (Casuarina)


Na última sexta-feira estive na Fundição Progresso. Samba em dose dupla: Maria Rita e Casuarina.
Ficou "intelectualmente chique" dizer que a Maria Rita não sabe cantar samba. "É comercial, então é uma merda", defendem os "gênios". Maria Rita está longe de ser uma sambista. E sabe disso. Mas o saldo do trabalho dela em "Samba Meu" é respeitável e, sobretudo, respeitoso com o samba. Longe de fazer feio. Faz bem ao ouvido, com todos os altos e baixos que qualquer trabalho tem. Entre os altos, o mais alto: "Trajetória" é um belíssimo momento do CD e do show.

Depois de Maria Rita entraram os rapazes do Casuarina (http://www.casuarina.com.br/ - ao lado, a capa do segundo cd deles, "Certidão"). Mais um ótimo show. Os cinco não estão de passeio pelo mundo do samba e sabem o que fazem. Eles cantam bem e sabem escolher repertório, com bom equilíbrio entre as músicas dos dois cds do grupo e outras felizes escolhas - belos sambas de ontem e de hoje.
O show tem um aroma clássico sem deixar de ser alegre, enfim, uma belíssima homenagem ao samba. E por falar em homenagem, eles resgatam um samba espetacular de Aluisio Machado. Aluisio, uma das muitas feras do Império Serrano, é autor (junto com Beto Sem Braço) do inesquecível "Bumbum, baticumbum, prugurundum", samba do título de 1982. E é dele também "Minha Filosofia", um dos grandes momentos do show do Casuarina.

"Minha Filosofia" (Aluisio Machado)

Vai passar
Esse meu mal estar
Esse nó na garganta
Deixe estar...
O próprio tempo dirá
Água demais mata a planta

Tudo que é muito, é demais
Peço: me perdoe a redundância
Entrelinhas só quero lembrar
Que a terra fértil um dia se cansa
É uma questão de esperar

Relógio que atrasa não adianta
E o remédio que cura
Também pode matar
Como água demais mata a planta



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