sábado, 9 de fevereiro de 2008

Sassaricando, a ópera do Rio de Janeiro!

Depois de muitos anos voltei ao lindo Teatro Carlos Gomes. O motivo: "Sassaricando - e o Rio inventou a marchinha ", o musical de Sérgio Cabral e Rosa Araújo. Em cena seis grandes cantores: o meu amigo Pedro Paulo Malta (botafoguense ainda por cima...), Eduardo Dussek, Soraya Ravene, Ivana Domenico, Alfredo Del-Penho e Juliana Diniz.
"Sassaricando" é a nossa ópera, a ópera do Rio de Janeiro! É simbólico que ela esteja sendo encenada na Praça Tiradentes, hoje, infelizmente, mais um cartão postal do descuido, dos muitos cometidos nessa cidade.
O espetáculo é imperdível. Um passeio no universo das marchinhas que, felizmente, ainda são um foco de resistência da cultura popular brasileira. Não morrerão nunca. Amém.
São 89 músicas, um panorama da produção de gênios como Braguinha, Nassara, Luiz Noel Rosa, Luiz Antônio, Miguel Gustavo, Ary Barroso, João Roberto Kelly, Max Nunes, entre tantos outros.

As letras são saborosas, verdadeiras aulas de história e sociologia. Nenhum livro didático contaria melhor como eram a sociedade e os seus valores. Como nossos pais e avós eram felizes. E sabiam.
Algumas das marchinhas de "Sassaricando" trazem o conhecido recurso do duplo sentido, muito utilizado por vários compositores. Bem utilizado, é bom frisar. Malícia com classe, que não machuca ninguém. Um bálsamo nos dias atuais onde duelo é "politicamente correto" x "Dança do Créu". Briga idiota, empate técnico com sabor de derrota.
Bandeira branca, eu peço paz!
Ah, nunca é demais lembrar: "Sassaricando" tem efeitos especiais, sim - tem gente que não sai de casa se a peça ou o filme não tiver um "efeito especial". É fácil localizá-los: estão na platéia, na emoção de cada voz que canta junto com os artistas. E sobretudo nos sorrisos de cada um dos seis cantores listados acima. É um espetáculo feito por gente que sabe o que canta. Gente que sabe o que diz e o que faz.
O musical termina com "Cidade Maravilhosa", de André Filho. Uma espécie de cordão umbilical dos cariocas com o Rio de Janeiro. Um hino que nos faz bater no peito e dizer "daqui não saio, daqui ninguém me tira". A solução somos nós mesmos, não podemos esperar que ELES nos salvem. Todo mundo leva a vida no arame, não tem jeito. Mas temos que continuar brigando pelo nosso jardim florido de amor e saudade.
Se não um dia, a casa cai.

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